Cachorros braquicefálicos: tudo o que você precisa saber!

Cachorros braquicefálicos são mais conhecidos como “focinho achatado” e conquistaram de vez os corações brasileiros. Para se ter uma ideia, segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), das cinco raças mais registradas em 2018, três delas são braquicefálicas: buldogue francês, shih tzu e pug. O buldogue francês vem em primeiro lugar, com quase 3 mil registros a mais do que o segundo colocado, o lulu da pomerânia (spitz alemão). Mas porque será que os  cachorros braquicefálicos são tão queridos do público?

Quem tem um desses em casa sabe o quanto os cães de raças braquicefálicas podem ser alegres, carismáticos e extremamente fofinhos! No entanto, requerem cuidados especiais, devido à conformação física especial. Então, antes de decidir ter um pet com focinho achatadinho e olhos esbugalhados, é preciso entender quais são as suas responsabilidades como tutor. 

Conheça algumas raças braquicefálicas 

Confira a seguir uma lista de cães braquicefálicos, incluindo os mais famosos! 

Fotos de raças braquicefálicas 

O que são cães braquicefálicos?

Mas o que são cães braquicefálicos exatamente? Braquicefálico é uma palavra que teve origem da união do grego ‘brachys’, que significa ‘curta distância’ e cefálico, referente à cabeça. 

Anos atrás, alguns criadores valorizavam o cruzamento de cães com focinhos cada vez mais curtos. O objetivo obter um maxilar proporcional ao tamanho do corpo. O maxilar é o osso que “suporta” os dentes em todos os animais. Para tal propósito, o maxilar superior deveria ser mais encurtado, enquanto o inferior teria o tamanho mantido. O problema é que isso levou a várias transformações físicas das raças e impactou, principalmente, no estilo de vida que os cães passaram a levar. Para algumas raças, significou o desenvolvimento de problemas respiratórios mais graves e complexos.

Então sim, pode-se considerar que os cães braquicefálicos sofrem mais devido às características anatômicas, mas que são controladas com alguns cuidados importantes.

Continue lendo para entender melhor!

Síndrome braquicefálica

As alterações da chamada Síndrome Braquicefálica já nascem com os cães e afetam as vias respiratórias que, entre outras anormalidades, apresentam a redução dos orifícios nasais e o desenvolvimento incompleto da traqueia, órgão do sistema respiratório responsável por filtrar, umedecer e conduzir o ar aos pulmões. 

Outro problema é o palato mole prolongado – estrutura que é a continuidade do palato duro, conhecido como céu da boca. Quando é muito prolongado, o palato mole “vibra” durante a respiração do animal, produzindo um barulho que lembra um ronco. A consequência, como muitas pessoas já sabem, é a dificuldade para respirar que varia de grau leve ao grave para alguns cachorros.

No entanto, não são todos os cães que desenvolvem os sintomas da Síndrome Braquicefálica. As alterações são visíveis e manifestam sintomas diferentes em cada cão ou raça.  Fique por dentro de alguns desses sintomas a seguir!

Sintomas da síndrome braquicefálica

  1. Dificuldade para respirar
  2. Ou respirar somente pela boca, com esforço maior e caracterizada por respiração rápida e curta.

  3. Respiração ruidosa
  4. “Roncam” com frequência devido ao palato mole prolongado (tecido mole que constitui a parte de trás do céu da boca), com consequente dificuldade para respirar.

  5. Posicionamento incorreto dos dentes
  6. Uma vez que o maxilar superior é recuado, os dentes não têm espaço e acabam crescendo em ângulos diferentes, podendo causar doenças dentárias.

  7. Problemas oculares
  8. Por terem um crânio mais curto, os olhos costumam ser arregalados e as pálpebras não os envolvem completamente. Assim, muitos cachorros braquicefálicos têm olho seco e baixa produção lacrimal.

  9. Dificuldade para realizar a troca de calor
  10. Os cães não transpiram e a respiração é a única forma de controlar a temperatura do corpo. Isso é ainda pior para os braquicefálicos no calor, uma vez que eles já têm dificuldade de respirar na grande parte dos casos.

  11. Outros sintomas
  12. Aerofagia (deglutição de ar), tosse, espirro reverso, engasgos, tentativa de vômito, intolerância ao exercício e até desmaios.

Cuidados com as raças braquicefálicas no calor

Como explicado, os cachorros braquicefálicos podem ter uma grande dificuldade de termorregulação pois, em sua maioria, não conseguem realizar adequadamente a troca de calor e sofrem de hipertermia (aumento excessivo da temperatura corporal), principalmente no verão e na primavera.

As narinas têm a função de dissipar o calor: o ar inspirado deve passar por uma umidificação, o que ajuda a reduzir a temperatura corporal. No caso dos cães braquicefálicos, o “canal” nasal é mais curto, o que torna a respiração mais difícil, já que a passagem do ar apresenta maior resistência.

A transpiração ocorre também pelo focinho e pelas almofadinhas das patas. Porém, como o focinho é pouco irrigado e as almofadinhas ficam em contato constante com o chão, a transpiração por esses locais é menos eficiente.

Cachorros braquicefálicos: recomendações 

  1. No verão, evite situações de calor excessivo, como passear com o cão nos horários mais quentes do dia. Passear é fundamental (veja mais sobre), mas saia com ele somente em horários com temperaturas mais amenas como pela manhã e no final da tarde. Nunca caminhe por muito tempo e nem force o término do passeio
  2. Ofereça água à vontade e sempre fresquinha em vários locais da casa. Caso esteja muito calor, inclua pedras de gelo
  3. Se notar que ele está ofegante, coloque sobre ele uma toalha úmida, para que a temperatura corporal diminua. Outra saída é borrifar água no dorso e nas patinhas para resfriar o animal
  4. Piscina parece uma boa ideia para refrescar, mas nadar pode ser bastante perigoso para cães braquiocefálicos
  5. A alimentação deve ser sempre leve e controlada com a orientação do veterinário. Saiba que cães obesos podem ter ainda mais dificuldade para respirar
  6. Tosar o cachorro braquicefálico, principalmente as raças de pelo longo, ajuda a reduzir a temperatura corporal

Agora, se ele manifestar sinais de que não está bem, procure imediatamente o veterinário. Os sinais que os cachorros braquicefálicos apresentam quando estão incomodados com o calor são iguais aos de outros cães, mas a intensidade é ainda maior. Respiração mais ofegante que o normal, língua para fora, inquietação e letargia são alguns exemplos. Fique de olho!

Cães braquicefálicos podem viajar de avião?

Cães braquicefálicos podem viajar de avião, mas alguns cuidados devem ser tomados. Além de serem intolerantes ao calor, os cães braquicefálicos também têm dificuldades no frio. Prova disso é que os cachorros braquicefálicos não são aceitos pela maioria das companhias aéreas para viajar no porão. Eles já têm dificuldade para respirar normalmente e, em situações estressantes como um voo, não conseguirão respirar pelo focinho adequadamente. O problema é ainda maior porque o ar no avião é mais frio e rarefeito, o que complica ainda mais a respiração.  

Quando o ar frio entra pelo nariz, ele é filtrado e aquecido, para que chegue ao resto do corpo em condições ideais. O que ocorre no avião é que o frio intenso e ambiente seco podem deixar o animal em “vasoconstrição”. Ou seja, os vasos sanguíneos diminuídos de diâmetro evitam que o ar chegue ao pulmão. Isso tem potencial para causar desmaios e até paradas respiratória e cardíaca. Portanto, antes de pensar em embarcar com o cachorro braquicefálico, mesmo na cabine do avião, peça orientação ao médico veterinário.

Algumas raças são proibidas pelas companhias aéreas de viajar no compartimento de carga, mesmo com consentimento do veterinário. A recomendação é que os braquicefálicos viagem somente na cabine. Assim, antes de marcar as férias com o peludão, faça a sua pesquisa antes!

Agora que você já sabe tudo sobre cães braquicefálicos, leia mais sobre raças de cães de pequeno porte, médio porte e porte grande!


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